segunda-feira, 7 de março de 2011

Uma dose de amnésia, por favor!


Sou uma pessoa com a memória muito boa. Lembro da minha festa de aniversário de 3 anos, da roupa que usei no primeiro dia de aula na 5ª série (e da roupa que minha melhor amiga estava usando também) e lembro exatamente de como conheci meus melhores amigos. Enquanto a maioria das pessoas não sabem responder o que almoçaram no dia anterior, eu descrevo com detalhes o que comi, e juro por Deus que lembro de tirar uma foto com meu avô e meus primos no meu aniversário de um ano, mas ninguém acredita...

Virou piadinha de família, consenso geral: se eu lembro, é porque aconteceu. Costumo associar os fatos, lugares, datas e por isso, talvez, lembre de tanta coisa. Um simples perfume pode me remeter a situações que aconteceram há 13 anos, ou ouvir uma música me lembra uma ótima viagem, que me lembra um doce em especial... e por aí vai uma sequência de fatos que não acaba mais.

E o que deveria ser bom, uma dádiva, um talento, acaba se tornando no meu maior pesadelo quando tudo o que eu mais preciso é só esquecer. Tão simples... é só não lembrar! No meu caso é preciso lembrar de não lembrar. Não lembrar do perfume, não lembrar do gosto, é ouvir aquela música e não lembrar da primeira vez que escutou, é passar em frente àquele restaurante todos os dias e não lembrar de onde estavam sentados, é não lembrar em qual rua virar pra acertar o caminho...

Não lembrar é o primeiro e mais importante passo para não ter saudade. E não ter saudade é fundamental para saber esquecer. Esquecer as promessas, os planos, as viagens programadas, até mesmo futuros contratos profissionais. E apagar isso tudo da memória é essencial para seguir em frente, para continuar, para fazer tudo de novo, como se não lembrasse o quanto foi difícil esquecer.